Há exatamente uma semana ouviu-se falar português no Parlamento luxemburguês. Após ter tomado posse como deputado, Ricardo Marques subiu ao púlpito do Parlamento e citou em português uma frase da canção “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso: “o povo é quem mais ordena”.
“O povo é quem mais ordena” disse Ricardo Marques perante os restantes 59 deputados e o Governo, defendendo que “é o povo quem decide” e que “a democracia começa com as pessoas que nos elegeram”.
Se Portugal celebra os 50 anos da Revolução dos Cravos, que ditou o fim da ditadura, no Luxemburgo está em marcha uma pequena revolução chamada Ricardo Marques que se tornou no primeiro deputado português na História do Grão-Ducado.
Nesta entrevista exclusiva à Rádio Latina gravada uma semana após a tomada de posse, Ricardo Marques confiou que, para além da nacionalidade luxemburguesa, ostenta “orgulhosamente” o ‘passaporte’ português e aconselha todos os portugueses aqui residentes a seguirem o seu exemplo e pedirem a naturalização.
Aos 31 anos, Ricardo Marques é o deputado mais novo da atual bancada parlamentar do Partido Cristão Social (CSV) e promete fortalecer a vertente social do CSV. Um dos projetos que mais deseja ver implantado é a generalização da alfabetização em francês para uma maior igualdade de oportunidades.
O recém-empossado deputado é igualmente presidente dos comités da secção do CSV em Echternach e vice-presidente da “circunscrição eleitoral este” do partido. Ricardo Marques é formado em psicologia e trabalhava no Ministério da Educação Nacional, tendo-se demitido, por motivos de conflito de interesses, antes de assumir o cargo de deputado.
O dia 10 de outubro de 2024 fica para a História com a tomada de posse de Ricardo Marques como primeiro deputado português do Luxemburgo, substituindo Max Hengel que morreu em agosto, vítima de doença prolongada.
O país tem atualmente dois deputados de origem portuguesa. Além de Ricardo Marques, Liz Braz, da bancada parlamentar do LSAP (eleita em 2023), é lusodescendente. A deputada socialista não tem dupla nacionalidade, tal como o seu pai, Félix Braz, não tinha quando entrou para o Parlamento em 2004 e quando se tornou ministro da Justiça e vice-primeiro-ministro em 2013, cargos que manteve até ao seu afastamento unilateral do Governo após o enfarte de que foi vítima em agosto de 2019.
Jornalista: Manuela Pereira | Sonoplasta: Hélder Rodrigues | Videasta: Gabriel Albardeiro
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